Atravessar em vez de se refugiar

Em geral, pode-se dizer que o que mais precisamos na vida é nos curar. Pois o autodesenvolvimento pessoal, ou autocura, é o caminho para nos restaurarmos à totalidade. Mas antes que possamos fazer isso, devemos nos conscientizar de que ainda não somos completos. Onde ainda não estamos na verdade e, portanto, sentindo a dor da separação? Na verdade, todos os nossos conflitos e desarmonias na vida nos apontarão exatamente onde mora a mentira dentro de nós. Nosso trabalho, então, ao nos curarmos, é seguir em frente e não fugir. Devemos aprender a enfrentar nossas dificuldades para descobrir sua origem dentro de nós e nos corrigir.

Uma velha crença equivocada

Uma das coisas mais importantes para corrigirmos é o mal-entendido de que temos a opção de nos refugiarmos de nossos problemas — fugir deles — ou abrir caminho através deles. Na verdade, permanecemos presos nos ciclos de morrer e renascer, de lutar contra a dor e o conflito — espiritual e psicologicamente, bem como fisicamente — exatamente porque pensamos que podemos fazer essa escolha. Devido a essa crença antiga, nos apegamos à ilusão de que podemos evitar passar por nossos problemas. Acreditamos erroneamente que se esconder e se refugiar nos fará algum bem. Quando evitamos qualquer problema e, em vez disso, nos refugiamos, experimentamos um alívio momentâneo. Mas esta é uma ilusão de natureza muito séria. Porque a crise inevitavelmente virá depois. Mas a essa altura não conectaremos o conflito com sua fonte, fazendo com que nossas lutas doam ainda mais.

Como acessar novos recursos

Se decidirmos enfrentar nossos problemas dizendo: “Eu vou passar por isso. Não vou me esconder dos meus problemas”, algo novo acontece. Recursos de dentro de nossa própria alma tornam-se imediatamente disponíveis para nós. Quando estamos escondidos, esses recursos internos também permanecem escondidos. Então nos sentimos fracos e não acreditamos em nós mesmos e em nossa capacidade de acessar nossa própria fonte interior de poder. Não percebemos o potencial de força e inspiração que surgirá quando decidirmos ir até o fim e pedir ajuda — em vez de buscar refúgio. Podemos pedir em meditação que esses recursos se tornem disponíveis para nós. Isso despertará um sentimento de confiança de que nosso ego consciente não está sozinho. Que nossa mente ego não é o único recurso que temos para lidar com um problema. Não é importante se cometemos erros ao longo do caminho. O que importa é que simplesmente queremos fazer o melhor que podemos. A luta em si é o que conta. É nossa busca por respostas que reconcilia nossos fragmentos e nos permite crescer em totalidade. A bênção e a força que surgem de nossa disposição de nos curarmos estão além das palavras.

Adaptado de O Guia Fala, Volume Dois: Caos e crise